sábado, 9 de março de 2024

o poeta enquanto coisa


O corpo da palavra corpo

 

o seu corpo/poema
pede-me silêncio
ou algazarra?

 

farra
de bocas pernas coxas
línguas e dedos
nos recantos mais profundos
por onde dorme o teu desejo?

 

carícias delicadas
pela nuca
em torno da orelha
lábios deslizando
ao redor do teu umbigo

 

o que o seu corpo/poema
quer viver comigo?

 

o seu corpo/poema
no deserto das delícias
é escorpião ou percevejo?

 

é calmaria
ou tempestade
no alto mar da liberdade
pede-me noite ou claridade
ou
implora-me desesperadamente
os mais selvagens beijos?


Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

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