sábado, 11 de fevereiro de 2023

múltiplas linguagens



 
anti/lírica


um poema bashô aqui
nas 7 paredes do corpo
nos 4 cantos da casa
instigante satírico sarcástico
e ao mesmo tempo
esse ácido lirismo
é como um anjo
de belas brancas asas

que me toma arrasta domina arrasa

Gigi Mocidade

https://porradalirica.blogspot.com/



poética 27

paixão é tudo
entre teu corpo e o poema
a faca desliza
amolada
entre a casca e a pele da fruta

quando sair para o banho
acenda a luz do abajour
aos pés da cama
e deixe que eu escreva nos lençóis
as palavras selvagens
que baudelaire nos ensinou

artur gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


Teatro Multilinguagens

SINASEFE – Campos dos Goytacazes-RJ – 2017

A Invasão Cibernética em Martinópolis

Em JardiNÓpolis, cidade do interior paulista, Newton Reis, em seu quarto mandato de prefeito, construiu na porta do cemitério da cidade, um monumento de concreto, formado por uma Bíblia e um Disco Voador, que segundo o próprio, é o transporte que leva as almas para o infinito celestial.

Inspirado nesse fato que teve conhecimento quando foi a Jardinópolis pela primeira vez em 1985, para um Encontro de Escritores, Artur Gomes concebeu e dirigiu, uma grande metáfora para o seu Teatro do Absurdo, com os alunos do curso.

 

Artur Fulinaíma

https://fulinaimargem.blogspot.com/

 

Todo Dia É Dia D Poesia Todo Dia

a caminho do Mato Grosso

Poundianas

Torquato era um poeta
que amou a Ana
Leminski profeta
que amou Alice
um dia pós
veio Uilcon torto
e pegou a jóia diana
juntou na pereiralice

com o corpo & alma
das duas
foi Beauvoir assombradado
roendo o osso do mito
pra lá de frança ou bahia
pois tudo que o anjo dizia
Sartre jurou já te dito

NONADA
Biúte: ria

Artur Gomes
In BraziLírica Pereira: A Traição das Metáforas – Alpharrabio Edições - 2000


na pele do poema

o cavalo selvagem
cavalga a pele do poema
enquanto transa na pastagem
um novo trote

a deusa do rock
berra em outro canto

enquanto na voragem da vertigem
assento a Pedra de Xangô
na Vitória do Espírito Santo

Cristina Bezerra


Sede

eu tenho sede de água
eu tenho sede de mar
girassol nos meus cabelos
espuma de sal esperma e pelos
por onde eu possa delirar
eu tenho sede de sexo

em noites claras de luar

Gigi Mocidade


alguma poesia

alguma poesia


não. não bastaria a poesia deste bonde
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.
não. não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.

não. não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.

não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e uma cheiro de fêmea no ar devorador
aparentando realismo hiper moderno,
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos

não. não bastaria toda poesia
que eu trago em minha alma um tanto porca,
este postal com uma imagem meio Lorca:
um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água
em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos.

Artur Gomes

In Couro Cru & Carne Viva
Prêmio Internacional de Poesia - Quebec - Canadá 1987


poétika

nem santa
nem puta
apenas filha
dessa ilha
seja do que for

Federika Lispector


naquela noite de chuva

as cores no vestido de Yansã passaram despercebidas por aqui o sangue encarnado nas matas de Oxossi e o olho do Dragão na ponta da espada de Ogum ainda que aline na porta da casa velha tivesse sobre a pele meus olhos presos nas palavras escritas na parede as sagradas escrituras não dissessem o quanto ali brotavam flores naquela noite de chuva num coração estraçalhado

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


 61


revirei sacramento pelo avesso do avesso aline me acompanhou passo a passo pela ladeira até a casa dos fundos canários no quintal catavam o que comer fotografamos e filmamos o que pairou no ar e não perdoa o éter dentro o cafezal nos convidava ao êxtase aline olhou pelo espelho da janela que dava para o outro lado da alma e levitou entre as trilhas dos canteiros ouvindo o som que nos unia

Artur Gomes

www.fulinaimicas3.blogspot.com



mar ci ele

 

teu nome

tenho uma flor em mim
que é só mar de pele osso e sal
tua alma quero conhecer
para teu corpo/livro descrever
em cada página em branco que encontrar

água de não beber
pétala de não tocar
entre os mariscos da carne
e os sentidos das conchas
minhas palavras tecidas

como dois dentes canininos
mordendo o que é feminino
em todo pulsar dos teus meios
tenho uma flor que é mar
que já me perfura a pele
de tanto sonhar teu nome
já mora em mim mar ci ele

frente ao espelho


 

frente ao espelho

penso
o tempo que não veio
o mar que se foi
o amor que não ficou
o mamilo dos teus seios
os olhos de um boi
tudo que restou
o sol a luz a cruz
a dor de não dormir
o berro a barra
a lua o punhal a faca
a fruta no quintal
a pele o tecido
a cor do teu vestido
a flor no temporal
a chuva o arco íris
teus olhos a retina
a cera a parafina
e a nossa vida de animal

Múltiplas Poéticas

O olho azul do mistério   desço dos céus para beijar os lábios quentes da fera – desço, vejo dragões pastando na grama azul, incên...