na pele da memória
ondas sempre morrem no cais
nem sei se quero mais tanta procura
daquilo que não tenho
se nos olhos ainda tenho flores de dezembro
daquela manhã ainda me lembro
adele tinha a pele branca
como uma bruma de vênus
em tuas costas uma palavra indígena:
Bertioga
a tua língua macia me trazia o gozo
e nunca fora de menos
com a boca de água e sal me lambia
depois dos beijos molhados
nos lençóis de areia
a carne da
palavra
: POESIA
l a v r a q u e s o l e t r o
todo Dia
poema do terceiro dia
remover a pedra dos rins
a faca dos dentes
a escama seca da espinha da serpente
retirar da carne o sal que restou do mar
e me mandar para outras águas
de preferência água doce
antes que o mar me salgue
antes que o mar me cegue
peço a Oxum que me leve
por onde eu ainda possa me salvar
fluxus
como flor
de lótus
ela se abriu entre a lua e o girassol
deixou meus lábios molhados
os olhos alvoroçados
por tanta delicadeza
talvez até fosse tigresa
mas mora em mim a certeza
que és felina Leoa
e faz de mim tua presa
me transformando em pessoa
pluma
a pluma é leve
flutua no ar com simples sopro
o amor também é leve
levita no ar sobre teu corpo
o que sei dele ainda é pouco
por isso procuro feito um louco
como se estivesse em minhas mãos
mas não está.
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