terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

alvoroço na aldeia franciscana




alvoroço na aldeia franciscana

              

Godot montou seu cavalo baio

pensando copa cabana

atravessou como um raio

as barras do Itabapoana

 

deixou amante em guriri

da sereia ouvi o canto

e foi para iriri

cantar com espírito santo

 

comer quibe de peixe

com água ardente capixaba

e em noites de lua cheia

licor de jabuticaba

 

o povo de gargaú em polvorosa

lambendo o cravo e a rosa

provocou madona em guaxindiba

como quem briga

por preço baixo no mercado

 

que ela então decretasse

que Godot fosse enjaulado

e desfizesse para sempre

esse novelo do bordado

 

a tribo de ururaí

num  ariticum desesperada

bradou um canto mameluco

pegou  seus tambores de guerra

confeccionados no macuco

 

 

dançou  no alto da serra

como quem dança uma balada

gastou as solas dos sapatos

e foi caçar onça pintada

nas matas do carrapato


pitadas de Suassuna

com josé cândido de carvalho

 

godot atravessou o rubicão

num galope do karalho

seu cavalo baio corria mais que o cão

com medo do espantalho

 

 voltando de iriri

passou pela muritiba

para catar sementes de aroeira

e fugir do delegado

no encontro não marcado

nas rodas de capoeira

nas caiçaras da intriga

 

foi fazer cosmético

pra amante de guaxindiba

que deixou em guriri

 comendo piaba frita

no almoço da sexta feira

 

parecia um tal   coronel

Ponciano de Azeredo  Furtado

como medo de lobisomem

pensando que o bicho é homem

 

sem tempo de tomar banho

amanheceu sujo borrado

contando as vacas no pasto

no sobrado do Airizes

nos fios do arame farpado

 

                                                                      Artur Gomes

Poéticas ArturiAnas

www.fulinaimagens.blogspot.com




sonho medonho

para Celso de Alencar

inspirado em um poema de Chico das Iolandas

 

quando Cronos

beijou Vênus em Creta

foi para separar Ísis de Apolo

e evitar que Júlia morresse

de morte  tão prematura

e a cabeça de Pompeu

não fosse encontrada num cesto

ao invés de sepultura

 

sonho literatura

desses que a gente sonha

com desejo de sonhar

e pensa até que a fronha

é mulher pra se casar

 

toca-se até uma bronha

sonhando que vai gozar

com a diaba Cleópatra

sacerdotisa no altar

esporra nas franjas da cama

e nunca mais quer acordar

 

Federico Baudelaire

www.fulinaimicamente.blogspot.com



Pátria A(r)mada

material para segunda edição

www.porradalirica.blogspot.com

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