nos currais dos mares salgados
que a cia das letras ainda não publicou
pedaladas ao mar
quando invento
pema balançando
ao sabor do vento
as mambucabas
quando chegaram em santa clara
traziam pimentas caiçara
conchas vermelhas de Ubatuba
salsinhas de Itaquatiara
miçangas azuis de São Luiz do Paraitinga
trilhas da serra de Paranapiacaba
muitas garrafas de pinga
para as mesas do interventor
Godot não perdia tempo
metia a boca na moringa
pensando que era um coringa
dos bailes do Imperador
ira tomar banho em Guaxindiba
enrolado nos trapos do enxugador
Federico Baudelaire
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faroeste lamparão
para torquato neto – in memória
“agora não se fala mais
agora não se fala nada”
quando saí de casa
ia dar um tiro na cara do delegado
mas estava desarmado
estão me colocando em histórias
dos tempos do não sei onde
como se eu durando kid
comesse a filha do conde
nunca comi amarela
em cinema mexicano
muito menos a ruiva
do faroeste americano
disseram que eu tive caso de amor
que se tornou pernambucano
quando encontrei o poeta
no trailer do Ricardinho
foi me falando de mansinho
como se trampa uma batalha
pra não cair na armadilha
da grana palavra cilada
agora não se fala mais
agora não se fala nada
Godot da Muritiba
leia mais em
federika com seus mistérios
molha meu cio em silêncio
corisco risca a faca na pedra
mas federika não medra
desafia o dito cujo
a ser maior que a morte
escrever poema sujo
e ser melhor do que fedra
quando desgarrou da tribo dos goytazes
e foi parar em Itabuna
o corpo mais leve que pluma
em pleno ar levitava
quebrou a faca do corisco
enquanto nos ares voava
cansada da preguiça baiana
picou a mula pra recife
praia da boa viagem
com gana de vida feroz
se dentro da noite é veloz
no olho do dia é voragem
com seus cardápios de arte
enfeitiçou pernambucos
grafites por toda parte
por bares e restaurantes
grafitando seus guardanapos
com grande voracidade
eleita musa da praia
descobriu cedo na tarde
que tudo que arde cura
o que aperta segura
na premar quando agita
se é amor geme e grita
mesmo não sendo loucura
relembro que anos passados
antes dos dezessete
ela se misturou ao campistês
nos corredores do cefet
teve aula de português
com o poeta da quadrilha
que levava um boi pintadinho
nas fulinaimargens da trilha
federika amava federico
que amava boudelaire
que amava euGênio mallarmè
que amava lady gumes
que amava pastor de andrade
que amava serAfim
que amava rúbia querubim
dos cabelos negros como corvo
que foi morar em iriri
depois do amor o estorvo
em recife montou seu reinado
e alimentou a matilha
de boêmios embriagados
nas noites das sapatilhas
com frevo maluco rasgado
pensando sonhar em sevilha
hoje nesse recife distante
rio que nos separa
como palavra cilada
como poema armadilha
e nunca contou para a filha
tudo o que em segredo
já contou para o mar
e pras algas sal gadas da ilha
Artur Gomes
Poéticas ArturiAnas
www.arturkabrunco.blogspot.com
Federico pensou Iracema
com seus grandes vestidos folgados
como a grande ninfeta Iolanda
trajada em vestes de penas
nos bailes do império em Luanda
nas barras das saias da fama
ele então grafitou grumixama
palavra que ouviu numa cena
na língua da formosa dama
no teatro da rua ipanema
nos bordeís de copacabana
os cogumelos de Santa Cecília
nas barras incandescentes da cama
pornofônicas palavras fonemas
pitanga urucum colorau açucena
com os caldos da salsaparrilha
qualquer grande orgia é pequena
Artur Gomes Fulinaíma
www.fulinaimicamente.blogspot.com
O Homem Com A Flor Na Boca
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