sexta-feira, 7 de junho de 2024

múltiplas poéticas

 o homem com a flor na boca

 

era uma vez

um tempo de espera

nem era primavera

uma rosa vermelha

encravada entre os dentes

colocou a rosa entre as coxas

me pediu que entrasse

sem receio dos espinhos

na vitrola um disco de cartola

ficamos a noite inteira

escrevendo em pergaminhos

esperando que a rosa falasse

mas “as rosas não falam”

e me disse:

uma vez e basta

e a fome de carne continua madrasta

 

Artur Fulinaíma

in Vampiro Goytacá

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https://arturgumes.blogspot.com/


Divina Comédia

 

tenho memória de elefante como diz Leminski com sua dor elegante como se chegando atrasado chegasse mais adiante cheguei em bento mais um vez pensando beatriz que certa vez me disse querer aprender a falar poesia comigo encenamos no cachorro louco bar na cidade alta era 1996 fazia tempo não a via desde que entreguei-lhe brazilírica pereira a traição das metáforas com o poema/registro de tudo que ainda não fizemos era outubro de 2002 mas nesta noite ela foi ao jantar de abertura do congresso brasileiro de poesia saíamos cantando dançando falando até a porta do vinocap hotel onde me hospedava não consegui arrancá-la das entranhas do couro cru da carne viva nua e crua  da medula da memória se for pensar em grego é tragédia mas daqui adiante ela é quem pode bem melhor do que eu escrever o desfecho da comédia o divino dessa história

 

Artur Kabrunco

In Vampiro Goytacá

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 chico city

 

chico city

é um pequeno perímetro urbano

desmatado

para receber plantações

de abacaxi e aipim

ai de  mim viver assim

entre o pasto e o agronegócio

não sou sócia desta praga

esta vida me atormenta

está me deixando loka

minha língua tem pimenta

pra arder na tua boca

 

Federika Lispector

in Vampiro Goytacá

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