Origem
sou afro-tupi
guarani
goitacá que subiu o paraíba
para o litoral paulista
nasci na cacomanga
bicho do mato
curupira carrapato
sou campista
não tiro onda de turista
sou Retalhos Imortais do SerAfim
comigo é assim
:
nem fiado nem à vista
II
África sim
minha mãe de sangue
cresci mamando do teu leite
lambendo o sal
da tua carne quente
bebendo água suja
no tanque
sou fel pimenta azeite
quem quiser que me aguente
eu sou a lama do mangue
metáforas em linhas curvas
quando manhã canta e não chove Lucia
me fala das coxas de Yve mergulhadas no Pontal até a última sílaba do poema
letras salgadas de mar embora mesmo que agora chova e a noite seja um relâmpago
de estrelas sinto que nos falta um vagalume para alumiar a escuridão tantas
vezes lamparina acesa no bar de neivaldo foram lâmpadas florescentes entre
olhos famintos de luz no verão de 2010.
Teatro do Absurdo
o quarteto da hipotenusa
versus o quadrado do quarteto
da hipotenusa a musa no quadrado
do retrato fosse apenas fotografia
mas não sendo hipotenusa
somente musa algaravia
uma palavra mais que estrada
sendo musa multi via
me levou nessa jornada
para fora da bahia
todos os santos mar aberto
no abismo a fantasia
de querer musa entretanto
muito mais que poesia
Artur Gomes
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hipotemusa
a menina da lanchonete
hoje rói as unhas de ira
pira quando quero
o que ela pensa que é
apenas bolero
na praça são salvador
com esse poema torto
que te leva ao desconforto
de pensar o que não sinto
como ela vive sozinha
entre pastéis e empadas
sua vida é hora marcada
de entrada e de saída
não conhece uma outra vida
por isso me olha estranha
com uma sede faminta
de comer meus olhos
com palavras – quando te digo
: não minta
Hipotemusa 1
a menina da lanchonete
em frente a floricultura
são salvador
mexe na flor dos cabelos
dedos entre pelos
enquanto aguço os olhos
pensando mar de abrolhos
na terceira margem do rio
leio um poema no cio
Hipotemusa 2
ela bagunça meus 7 sentidos
aguça lambuza
planta um punhado de brócolis
no pé do meu ouvido
me dá de beber mastruz com leite
de comer esphirra koreana
lhe chamo de sacana
ela me diz que é bacana
me fazer de pé de moleque
pra lamber meus sustenidos
Hipotemusa 3
ela agora usa piercing no nariz
sem medo de ser feliz
joga capoeira no mercado
aprendeu dançar suing
não dá mole pra racista
nem pra patrão
que escraviza empregado
HIPOTEMUSA 4
essa garota me alucina
não sabe ficar quieta com Santa
Teresa
no Parque das Ruínas
tem mais de mil desejos
um deles é quebrar meus óculos
com sua fome de beijos
tem mais de mil ofícios
um deles é mapear o litoral
das minhas costas
pelas praias de São Francisco
essa garota é bárbara
Afrodite Artemanha de Iansã
me banha com sua língua de Vênus
as terças-feiras de manhã
hipotemusa
5
quero botar no seu Orkut
um negócio sem vergonha
um poema descarado
já chegando fevereiro
e meu Rio de Janeiro
fica lindo mascarado
quero botar no seu e-mail
um negócio por inteiro
eu não sou Zeca Baleiro
pra ficar cantando a mama
que ainda tem medo do papa
meu negócio é só com a mina
que me trampa quando trapa
meu negócio é só com
a mina
que me canta ouvindo Rapa
Artur
Fulinaíma
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