quinta-feira, 1 de junho de 2023

Hipotemusa 5

 Origem

 

sou afro-tupi

guarani

goitacá que subiu o paraíba

para o litoral paulista

nasci na cacomanga

bicho do mato

curupira carrapato

sou campista

não tiro onda de turista

sou Retalhos Imortais do SerAfim

comigo é assim

:

nem fiado nem à vista

 

II

 

África sim

minha mãe de sangue

cresci mamando do teu leite

lambendo o sal

da tua carne quente

bebendo água suja

no tanque

sou fel pimenta azeite

quem quiser que me aguente

eu sou a lama do mangue


metáforas em linhas curvas

quando manhã canta e não chove Lucia me fala das coxas de Yve mergulhadas no Pontal até a última sílaba do poema letras salgadas de mar embora mesmo que agora chova e a noite seja um relâmpago de estrelas sinto que nos falta um vagalume para alumiar a escuridão tantas vezes lamparina acesa no bar de neivaldo foram lâmpadas florescentes entre olhos famintos de luz no verão de 2010.


Teatro do Absurdo

 

o quarteto da hipotenusa

versus o quadrado do quarteto

da hipotenusa a musa no quadrado

do retrato fosse apenas fotografia

mas não sendo hipotenusa

somente musa algaravia

uma palavra mais que estrada

sendo musa multi via

me levou nessa jornada

para fora da bahia

todos os santos mar aberto

no abismo a fantasia

de querer musa entretanto

muito mais que poesia

 

Artur Gomes

leia mais no blog

https://fulinaimagens.blogspot.com/



hipotemusa

 

a menina da lanchonete

hoje rói as unhas de ira

pira quando quero

o que ela pensa que é

apenas bolero

na praça são salvador

com esse poema torto

que te leva ao desconforto

de pensar o que não sinto

como ela vive sozinha

entre pastéis e empadas

sua vida é hora marcada

de entrada e de saída

não conhece uma outra vida

por isso me olha estranha

com uma sede faminta

de comer meus olhos

com palavras – quando te digo

: não minta


Hipotemusa 1

 

a menina da lanchonete

em frente a floricultura

são salvador

mexe na flor dos cabelos

dedos entre pelos

enquanto aguço os olhos

pensando mar de abrolhos

na terceira margem do rio

leio um poema no cio

 

Hipotemusa 2

 

ela bagunça meus 7 sentidos

aguça lambuza

planta um punhado de brócolis

no pé do meu ouvido

me dá de beber mastruz com leite

de comer esphirra koreana

lhe chamo de sacana

ela me diz que é bacana

me fazer de pé de moleque

pra lamber meus sustenidos


Hipotemusa 3


 ela agora usa piercing no nariz

sem medo de ser feliz

joga capoeira no mercado

aprendeu dançar suing

não dá mole pra racista

nem pra patrão

que escraviza empregado

 

HIPOTEMUSA 4

 

essa garota me alucina

não sabe ficar quieta com Santa Teresa

no Parque das Ruínas

tem mais de mil desejos

um deles é quebrar meus óculos

com sua fome de beijos

tem mais de mil ofícios

um deles é mapear o litoral

das minhas costas

pelas praias de São Francisco

essa garota é bárbara

Afrodite Artemanha de Iansã

me banha com sua língua de Vênus

as terças-feiras de manhã


hipotemusa 5

 

quero botar no seu Orkut

um negócio sem vergonha

um poema descarado

já chegando fevereiro

e meu Rio de Janeiro

fica lindo mascarado

 

quero botar no seu e-mail

um negócio por inteiro

eu não sou Zeca Baleiro

pra ficar cantando a mama

que ainda tem medo do papa

 

meu negócio é só com a mina

que me trampa quando trapa

meu negócio é só com  a mina

que me canta ouvindo Rapa

 

Artur Fulinaíma

Leia mais no blog

www.fulinaimagens.blogspot.com

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