A poesia te abraça, bom final de semana em casa, na rua, na praça.
A CIDADE NÃO PÁRA
Para Chico Science
A cidade não pára com as buzinas/na corrida para o distante futuro/
a luz neom não ilumina nada/vende em letras gravadas nos muros.
A cidade não pára no infinito esticado da memória/na rede que a teia da manhã tece/costura sobre a realidade o sonho sonhado/entrelaçado na simbiose o pensamento amortece.
A cidade não pára na sua geografia/a estátua na praça ainda acha graça/as pessoas andam sem pai, nem mãe/como um cão solto sem guia.
A cidade não pára nas vias expressas/no caminhar pelas calçadas das utopias/a promessa de vida anda às pressas /nos cantos espalhados pela FM Rebeldia.
Sady Bianchin
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Balbúrdia Poética
Balbúrdia PoÉtica 12
Dia 2 de dezembro, 19h
poetas homenageados
Ademir Assunção e Frederico Barbosa
- Poesia Viva
Oswald de Andrade - in memória
Curadoria: Artur Gomes e César Augusto de Carvalho
Patuscada - Café Bar e Livraria
Rua Luis Murat, 41 - Vila Madalena - São Paulo-SP
Cântico dos Cânticos
Para Flauta e Violão
oferta:
saibam quantos este meus versos virem
que te amo
do amor maior
que possível for
canção e calendário
sol de montanhas
sol esquivo de montanhas
felicidade
teu nome é
Maria Antonieta D´Alkmin
no fundo do poço
no cimo do monte
no poço sem fundo
na ponte quebrada
no rego da fonte
na ponta da lança
no monte profundo
nevada
entre os crimes contra mim
Maria Antonieta d´Alkmin
felicidade forjada nas trevas
entre os crimes contra mim
Maria Antonieta d´Alkmin
não quero mais as moreninhas de Macedo
não quero mais as namoradas
do senhor poeta
Alberto d´Oliveira
quero você
não quero mais
crucificadas em meus cabelos
quero você
não quero mais
a inglesa Elena
não quero mais
a irmã na Nena
não quero mais
a bela Elena
Anabela
Ana Bolena
quero você
toma conta do céu
toma conta da terra
toma conta do mar
toma conta de mim
Maria Antonieta d´Alkmin
e se ele vier
defenderei
e se ela vier
defenderei
e se eles vierem
defenderei
e se elas vieram todas
numa guirlanda de flechas
defenderei
defenderei
defenderei
cais da minha vida
partida sete vezes
cais da minha vida quebrada
nas prisões
suada nas ruas
modelada
na aurora indecisa dos hospitais
bonançosa bonança
convite
escuta este verso
que eu fiz para você
para que todos saibam
que eu quero você
imemorial
gesto de pudor de minha mãe
estrela de abas abertas
não sei quando começou em mim
em que idade
em que eternidade
em que revolução solar
do claustro materno
eu te trazia no colo
Maria Antonieta d´Alkmin
te levei solitário
nos ergástulos vigilantes da ordem intraduzível
nos trens de subúrbio
nas casas alugadas
nos quartos pobres
e nas fugas
cais da minha vida errada
certeza de corsário
porto esperado
coral caído
do oceano
nas mãos vazias
das plantas fumegantes
mulher vinda da china
para mim
vestida de suplícios
nos duros dorsos da amargura
para mim
Maria Antonieta d´Alkmin
teus gestos saiam dos borralhos incompreendidos
que tua boca ansiosa
de criança repetia
sem saber
teus passos subiam
das barrocas desesperadas
do desamor
trazia nas mãos
alguns livros de estudante
e os olhos finais da minha mãe
alerta
lá vem o lança-chamas
pega a garrafa de gasolina
atira
eles querem matar todo amor
corromper o pólo
estancar a sede que eu tenho de outro ser
vem de flanco, de lado
por cima, por trás
atira
atira
resiste
defende
de pé
de pé
de pé
o futuro será de toda humanidade
fabulário familiar
se eu perdesse a vida
no mar
não podia hoje
te ofertar
os nevoeiros, as forjas, os Baependis
acalanto
acuado pelos moços de forcado
flibusteiro
te descobri
muitas vezes pensei que a felicidade sentasse à minha mesa
que me fosse dada no locutório dos confessionários
na hipnose das bestas feras
no salto-mortal das rodas gigantes
ela vinha intacta, silenciosa
nas bandas de música
que te anunciaram para mim
Maria Antonieta d´Alkmin
quando a luta sangrava
nas feridas que sangrei
com alfinete na cabeça te deixei
adormecida
no bosque
te embalei
agora te acordei
relógio
as coisas são
as coisas vêm
as coisas vão
as coisas
vão e vem
não em vão
as horas
vão e vem
não em vão
compromisso
comprarei
o pincel
do Douanier
para te pintar
levo
pro nosso lar
o piano periquito
e o reader ´s digest
para não tremer
quando morrer
e te deixar
eu quero nunca te deixar
quero ficar
preso ao teu amanhecer
dote
te ensinarei
o segredo onomatopaico do mundo
te apresentarei
Thomas Morus
Federico Garcia Lorca
a sombra dos enforcados
o sangue dos fuzilados
na calçada das cidades inacessíveis
te mostrarei meus cartões-postais
o velho e a criança dos jardins públicos
o tutu de dançarina sobre um táxi
escapados ambos da batalha do Marne
o jacaré andarilho
a amadora de suicídios
a noiva mascarada
a tonta do teatro antigo
a metade da Sulamita
a que o palhaço carregou no carnaval
enfim, as dezessete luas mecânicas
que precederam teu arrebol
marcha
todos virão para o teu cortejo nupcial
a princesa Patoreba
coroada de foguetes
a senhora Dona Sancha
que todos querem ver
o tangolomango
e seus mortos mastigados
nas laboriosas noites processionais
todos comparecerão
o camarada barbudo
o bobo-alegre
o salvado de diversos pavorosos incêndios
o frade mau
o corretor de cemitérios
e onde esciver
o Pinta-Brava
meu irmão
Tatá, Dudu, Popó, Sici, Lelé
não quero sombra de cera
nem noite branca de reza
quero o velório pretoriano
de Sócrates
não o bestiário
de Casanova
não quero tochas
não quero vê-las
Tatá, Dudu, Popó, Sici, Lelé
o tio da América
a igreja da Aparecida
o duomo de Milão
o trem, a canoa, o avião
Tudo darei às mesas anatômicas
do mastigador de entranhas
himeneu
para teu corpo
construirei o dossel
abrirei a porta submissa
ligarei o rádio
amassarei o pão
black-out
girafas tripulantes
em pára-quedas
a mão do jaburu
roda de mulher que chora
o leão dá trezentos mil rugidos
por minuto
o tigre não não é mais fera
nem borboletas
nem açucenas
a carne apenas
das anêmonas
na espingarda
do peixe espada
trasncontinental ictiossauro
lambe o mar
voa, revoa
a moça encastra
enforca, empala
à espera eterna
do Natal
desventra o ventre donde nasceu
a neutra equipe
dos sem luar
no fundo, fundo
do fundo do mar
da podridão
as sereias
anunciarão as searas
mea culpa, lear
na hora do fantasma
entre corujas
Jocasta soluçou
o palácio de fósforo
múltiplas janelas
desmaiou
- por quê calaste os sinos?
meu filho filho meu
- dei, dei, dei
- onde puseste os reinos e as vitórias?
que estranha serenidade prometias?
- era ururpação, paguei
- passaste fome?
- muitas vezes comi as marés de meu cérebro
encerramento e gran-finale
nada te sucederá
porque inerme deste o teu afeto
no soco do coração
te levarei
nas quatro sacadas fechadas
do coração
deixei de ser o desmemoriado das idades de ouro
o mago anterior a toda cronologia
o refém de Deus
o poeta vestido de folhagem
de cocos e de crânios
Alba
Alfaia
Rosa dos Alkmin
dia e noite do meu peito que farfalha
a teu lado
terei o mapa-múndi
em minhas mãos infantes
quero colher
o fruto crédulo das semeaduras
darei o mundo
a um velho de juba
a seu procurador mongol
e a um amigo meu
com quem pretenderam
encerrar o sol
viveremos
o corsário e o porto
eu para você
você para mim
Maria Antonieta D´Alkmin
para lá da vida imediata
das tripulações de trincheira
que hoje comigo
com meus amigos redivivos
escutam os assombrados
brados de vitória
de Stalingrado
Oswald de Andrade
2025 ano 431 da degustação do bispo sardinha
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Itabapoana Pedra
Pássaro Poema
eu nasci concreto
na horizontal - ereto
depois fui me abstraindo
me substantivando me substituindo
criando outros e outras criaturas
em minhas estruturas amorais do ser
eu nasci assim e fui me associando
a outras escritas as que foram ditas
a outras não ditas
as benditas as malditas
as que disseram minhas
e a outras que raptei de outros
pela minha nova maneira
natural de ter resistência a toda
qualquer coisa que não
é
e as que são coloco como cartas
sobre a mesa para surpresa
de ver que todo santo dia é dia d
Artur Gomes
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
Litteralux – 2025
Leia mais no blog
https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/
Dia 7 de novembro - Mesa sobre o Studio 52 com Artur Gomes, Genilson Paes Soares, Nilson Siqueira e Mário Sérgio Cardoso - no Festival Doces Palavras - Campos dos Goytacazes-RJ
SampleAndo
o poema pode ser um beijo em tua boca
carne de maçã em maio
um tiro oculto sob o céu aberto
estrelas de neon em Vênus
refletindo pregos no meu peito em cruz
na paulista consolação na água branca barra funda
metal de prata desta lua que me inunda
num beijo sujo como a estação da luz
nos vídeos.filmes de TV
eu quero um clipe
nos teus seios quentes
uma cilada em tuas coxas japa
como uma flecha em tuas costas índia
ninja, gueixa eu quero a rota teu país ou mapa
teu território devastar inteiro
como uma vela ao mar de fevereiro
molhar teu cio e me esquecer na lapa
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
https://www.instagram.com/p/DP37Gm3jdvH/
Dia 7 de novembro - Mesa sobre o Studio 52 com Artur Gomes, Genilson Paes Soares, Nilson Siqueira e Mário Sérgio Cardoso - no Festival Doces Palavras - Campos dos Goytacazes-RJ
Itabapoana Pedra Que Voa
dia desses sonhei com alquimia
ciência da transformação
na prova dos nove é alegria
o coração da pedra vira pássaro
e voa para outra dimensão
Artur Gomes
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
Litteralux - 2025
Dia 2 de novembro - Roda de Poesia
Rio De Versos - I Festival Internacional de Poesia - Maricá-RJ
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Ave da Paz
Se eu fosse Joana
Se eu fosse Jesus
Criava mil sonhos mais
Com a calma dos imortais
Por todos os humanos
Um pouco de paz
Um raio de lua, luz
Em todos meus animais
Sim, eu sou um sonhador
Que não escolhe a cor
Nem hora pra cantar
Nem cama pra sonhar
Os sonhos que já fiz
São eles meu país
E deles vou viver
Vocês ainda vão ver
Depois que a febre passar nos currais
E houver amizade entre os homens
E seus animais
Vai, Jesus, então
Salvar a razão dos mortais
Tirar o caminho do povo
Dos seus pantanais.
Artur Gomes
Musicado por Paulo Ciranda e gravado por Biafra em 1981 no disco de vinil Leão Ferido – CBS
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VeraCidade
A inexistência da poesia em uma cidade não é bacana, é o reflexo do estrago da sensibilidade humana
Rúbia Querubim
leia mas no blog
A Biografia De Um Poeta Absurdo
Travessia
Quando soltei
os camelos, já não
havia deserto.
nenhuma manhã
nascendo.
nenhuma lua
por perto.
Lau Siqueira
Versos Sertânicos
Criação Editora – 2024
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Nação Goytacá
espiã confessa
pedra que voa
depois que choveu pedra em São Francisco do Itabapoana no final de 2024, por ficarem sem saber se gelo ou granizo, alguns moradores da localidade do Macuco, resolveram instalar uma comissão popular de inquérito para apurar as causas do acidente.
Sabedores de que o significado da palavra Ita/bapoana é pedra que rola sobre o leito do rio, é bem possível que as “pedras” revoltadas com suas condições de viverem submersas podem ter sofrido gigantes mutações e serem transformadas em pedras que voam, incentivadas pelas bruxarias e alquimias desenvolvidas por alguns personagens do livro “Itabapoana Pedra Pássaro Poema”.
diante de tudo
que tenho falado
despido lido escrito
ser porta bandeira
não é uma missão
apenas por ter incorporado
a Mocidade Independente
de Padre Olivácio
em Ouro Preto
tem mais angu nesse caroço
cabeça nesse prego
não nego
estou metida nessa trama
dos pés aos fios de cabelo
em cada uma das nervuras desse osso
debaixo dos lençóis de cada cama
tem segredos e mistérios
que sendo revelados
deixariam qualquer país em alvoroço
*
em vampiro goytacá
canibal tupiniquim
somos serAfim
todas nós somos
vampiras
numa página a gente transa
noutra página a gente pira
Gigi Mocidade
Ex-Rainha da Bateria da Mocidade Independente de Padre Olivácio - a Escola de Samba Oculta no Inconsciente Coletivo
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a história nem conta onde o Conde D dava, porque a história é narrada pelos que se julgam vencedores, mas nem sempre isso é verdadeiro, Darcy Ribeiro por exemplo, gostava de se considerar um perdedor, pois segundo ele mesmo não cansava de afirmar que não se sentiria a vontade estando junto aos vencedores, das batalhas que ele travou durante toda sua vida em defesa do povo brasileiro.
Rúbia Querubim
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Bar do Firo
Gargaú
São Francisco de Itabapoana-RJ
onde você come bebe e só paga a cerveja dona Beja não te engana quer comer peixe de graça só na pedra de Itabapoana
Irina Severina
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Onde está Macunaíma?
no poema na metáfora
no palco no livro
na tela do cinema
no Acre na Amazônia
em Minas Bahia Pernambuco
Pará Sergipe Piauí
Rio de Janeiro Espírito Santo
Macuaíma está em todo canto
Paraná Santa Catarina
até nas mais remotas
matas virgens do Xingu
ou nas águas frias
do Rio Grande do Sul
ou nas termas quentes
do Rio Grande do Norte
Macunaíma vento forte
se misturou nas maravilhas
e também nas sutilezas
divina preguiça da beleza
das terras do bem virá
comeu o pão que o diabo amassou
quando se transmutou por São Paulo
no trampo do caos urbano
quase desapareceu do país
mas como um bom feiticeiro
seu pai não se enganou
te fez tornar-se encantado
para que o povo então entendesse
as profundezas do teu significado
Terra,
antes que alguém morra
escrevo prevendo a morte
arriscando a vida
antes que seja tarde
e que a língua da minha boca
não cubra mais tua ferida
Artur Gomes
dos livros : Suor & Cio (1985)
e Pátria A( r)mada - 2022
Federico Baudelaire - de onde estou em Itabira eu te pergunto Nilson Siqueira por onde andará Macunaíma? Eva Seiberlich não soube me responder se subiu serra do pacaraima ou beijou a pedra de muiraquitã, Cy a rainha mãe mato continua desfilando na Portela – Paulo Victor que esteve por algum tempo incorporando Macunaíma escafedeu-se tomou chá de sumiço com medo de Piamã com o seu descompromisso - preguiça só quem pode ter mesmo é o próprio Macunaíma. Já dizia Mário de Andrade em, seus delírios febris.
Ainda na Estrada frustrado por passar em Iriri e não encontrar a minha amada. Por onde andará Irina? que não é Macunaíma e só de sacanagem ou até sagaranagem, Rúbia me informa o paradeiro errado da minha andorinha azul, ela deve ter ido pro norte mas querubim me diz que foi pro sul, desfilar de porta/bandeira sem ensaio na mocidade independente de padre olivácio, no festival de Blumenau, aceitando o convite do Pastor de Andrade o aliciador de ovelhas desencantadas. Só me resta conferir com Federika se ela foi mesmo para Blumenau ou foi se instalar em Vila Rica, depois de passar pelas praças de Bento.
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
era uma vez um mangue
e por onde andará Macunaíma
(Ainda estou aqui)
na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do seu pescoço?
tá no canto da sereia
no rabo da arraia
nos barracos da favela
nos becos do matadouro
na usina sapucaia?
na teoria dos mistérios
dos impérios dos passados
nas covas dos cemitérios
desse brasil desossado?
macunaíma não me engana
bebeu água do paraíba
nos porões dos satanazes
está nos corpos incinerados
na usina de cambaíba
em campos dos goytacazes
macunaíma não me engana
está nas carcaças desovadas
na praia de manguinhos em
são francisco do itabapoana
Joilson Bessa me disse
Kapiducéu já ensaia
Macunaíma vem vindo
no Auto do Boi Macutraia
Artur Gomes
poema do livro
Itabapona Pedra Pássaro Poema
Litteralux – 2025
V(l)er mais no blog
https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/
quinzenalmente às segundas Por Onde Andará Macunaíma está na coluna que assino no canal ArteCult.com
A Biografia de Um Poeta Absurdo